anti-poema
quero, sim, fazer um poema
tolo, bobo,
aquele que não diga nada,
aquele que seja insosso,
oco,
ainda que fruto do ocaso,
murcho,
poema que não crie caso,
aquele que não tenha dentes,
pois quem não tem dentes
não fala,
às vezes nem tem tendências,
que fique esquecido
na sala,
se ache perdido
no quarto
em cima do criado-mudo,
mas que, mesmo longe de tudo,
naïve atrás de um escudo,
ainda pudesse ser meu