QUE AUDÁCIA...

Pressentes aborrecer-me com o tempo?

Digo-lhe: Ora! Logo eu? Quanta audácia...

Sinto que tenho apenas ciúme do vento,

Trazendo tantas nuvens, movendo falácia.

Em mim, tudo, então, destoa e preocupa.

Pois, se esse céu já pronto e tão cinzento

Se esvazia, encontro logo outra desculpa

E guardo escondida no verso que invento.

Ah! Vento que sempre te leva para longe

Destroça essa minha paciência de monge

No ego gritado que me deixa a voz rouca..

Eu, Terra seca, a mirar teu céu como uva,

Mendigando por duas gotas da sua chuva,

Como se fossem beijos vindo da sua boca.