ATRISTEZA DE GAYA

A tristeza de Gaya*

Seca, ardendo em chamas,

Chorando no tempo e

Contendo o viço,

Gaya não se conforma.

Outrora, fora fértil,

Espalhava vida,

Pelos quatro cantos.

Com viço incontido,

Paria com vontade,

Inclusive homens e mulheres,

Estes, seus filhos mais queridos.

Foram tantos os desejos,

Era tanta a liberdade,

Que Gaya ficou tonta,

De tanto prazer,

Com tantas crias.

Os seus mais queridos,

Com ímpetos vorazes,

Sugam-lhe as entranhas,

Deixando-a pálida

E quase sem vida.

Letárgica,

Gaya resiste.

Esperançosa,

Gaya ainda sonha

Com um novo tempo.

Contemplando o fogo,

Aspirando fumaça e

Desencantada com o odor fétido,

Procura um espaço,

Para vicejar,

Para novamente amar

E ser feliz,

Pois esse é o seu destino

E dos filhos que venha a ter.

Cansada de sinalizar,

Gaya espera esse novo tempo.

E enquanto esse tempo não chega,

Gaya se contenta

Com as palavras de um sonhador,

Que como ela,

Acredita:

Nem tudo está perdido.

*Terra na mitologia grega.

Rui Azevedo – 26.07.2007

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 26/07/2007
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