A SOLIDÃO DE UM ANJO
Um anjo tomado pela solidão
Aguardava sentado na escada
Que o céu se abrisse de perdão
E a aurora seduzisse a madrugada
As casas estavam vazias e claras
Numa luz amarelada sem noção
Contagiadas pelo pó da fachada
Triste vazia e apagada sem ter pão
Do alto viam-se pequenos mundos
Que rolavam sós e lentos pelo chão
Não havia mais almas para guardar
Todas estavam ausentes e carentes
Não queriam mais sentir a razão
Ruas e caminhos não se cruzavam
E as sentinelas apáticas dormitavam
Ninguém mais via o sol e a lua
Que escondiam essa verdade crua
Em dias secos e longos de arrepiar
Para que possamos voltar a amar
Livrai-nos agora dessa tristeza fria
"Anjo da Guarda nossa companhia
Guardai a nossa alma de noite e de dia"