Ao seu alcance.

Ao alcance da vista

O Infinito

Mas somente de relance

Em zonas periféricas

Isso acontece somente

Nas horas sinceras

Que precedem os sonos

E ambos os hemisférios da cabeça

Me enganam, mas não mentem

e simplesmente permitem

Que a gente enxergue

as coisas como elas são

Ou que ao menos

deveriam ser vistas

É uma lista que não se acaba

e talvez jamais se incie

Quando a gente nem sequer

Consegue imaginar a Cara de Deus

Sem que Nela haja uma barba

Porquanto a imaginação

Apesar de poder alcançar

distâncias infinitamente superiores

Àquelas que alcançam as vistas

durante a maior parte do tempo

Limitam-se

A permitir que nossos sonhos

Venham à esmo

Pois a vida

Tornou a vista entrevada

e de tanto buscar horizontes

Vivemos num mundo quadrado

Infinitamente distantes

Uns dos outros e de nós mesmos

Ao alcance de mim

Uma chance e somente uma

de viver uma vida de verdade

Mas ela também se apresenta

de relance e em zonas periféricas

Se ao menos a alma

permitisse eu aceitar a vida

Como algo além de sonhos

E que podem ser vistos

bem de perto

Eles estão ali

atrás daqueles horizontes esféricos

Que as vistas não podem alcançar

Nem ao menos de relance

Mas o coração acena

e me diz que ainda existe essa chance

de ir até lá

E finalmente confirmar

Que sonhos reais existem

Edson Ricardo Paiva