AS FLORES GÉLIDAS QUE CAEM AO NASCER DO SOL

Já escrevi belos versos

Em dias de poesia

De leve o vento passava

Levando minha alegria

Não sei quais raios caíram

No mês que eu cheguei primeiro

No fim das contas chorava

Meu choro veio em janeiro.

No meio do ano as flores

Caíam pelo quintal

À noite a brisa era fria

Dezembro chega o natal.

Os dias que correm soltos

São de longe os mais doídos

Nas mãos de agosto tem frutos

Frutos no chão caídos.

Em breve o calor retorna

Queimando o mal que brotou

A chuva forte e atrevida

Cantando outubro de amor.

Os passos do rouxinol

Nas árvores traiçoeiras

Num monte as ervas que brotam

São folhas das macieiras

Um pouco de amor contido

Em massa se transformou

Um fardo de ódio puro

Em sangue a terra pintou

Com massa fabrico o pão

Que sempre alimenta a alma

Com ódio arranco o sossego

Que falta à casa da calma.