Ode a Ti
Ode a Ti
Eu sou o poeta, sem poesia
incapaz de elevar corações,
nem as muitas ardentes paixões,
sou o escrevinhador da agonia.
Minha alma, meu ser, são turbilhões,
revoltando a serena maresia
famintos de amor, em anorexia,
torturados por males e grilhões.
Tu és a ninfa dos mares imensos,
cabelos de oiro-sol chamejante,
drapejo em flâmula constante,
em corpo de prazeres intensos.
Teu olhar procura-me constante,
tão meigos, cessando meus lamentos,
Tua boca beija-me tormentos,
doce, quedando-os, incessante.
Tu, minha amante, que me seduzes
nas sempre cálidas madrugadas,
entoas poemas e baladas
e, ofertando-te, me conduzes.
Como és bela, meu amor,
fadas o meu destino triste de luzes,
e da minha vida essas cruzes
destróis, pela infâmia geradas.
Nós, meu amor, de amor tão intenso,
doamos a existência eterna
numa perfeita osmose terna
como éter, fogo e incenso.
Somos água retida em cisterna,
pura, fresca, de caudal imenso,
Somos um belo jardim suspenso;
eu relva, tu a bela flor materna.
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