Bela, fera
A boa nova engasgada na garganta da vida,
ainda vai sair, mesmo, que a toque de caixa;
pois, há um desterrado reclamando guarida,
e uma alma, que erra, mesmo desimpedida,
esperando ansiosa, pelo fim da maré baixa...
Um dia a coisa muda de figura, isso é certo,
dizem, maré cambia com a Lua, com as fazes;
e fase nova, sabemos, está vindo, bem perto,
pois, tanto a alma rasteja num árido deserto,
que, sem mais nem menos, depara co’oásis...
Aí, a nova é velha, se medirmos pela espera,
Mas, o tempo atua pela maturação do vinho;
Nessa fábula moderna, onde a bela é a fera,
Digo, tem o poder, as garras eu só a quimera,
pego ciscos por nos dois, moldo nosso ninho...