Meu Amor do Sol Nascente
Meu Amor do Sol Nascente
Exilado das ilhas
estéreis do sul,
navegando em mares
povoados de monstros,
paridos do acasalamento
da mentira e do ciúme,
que me povoavam a mente,
como veneno de falsas odaliscas,
Eis-me rumando peregrino
às terras do nordeste,
das imponentes montanhas
e de seus vales verdejantes.
E os monstros devoravam,
na demência de mortais
os meus sonhos d' amante.
Ousava eu amar poetisas,
sereias de voz cristalina,
musas inspirando amores.
Pura ilusão de um faminto!
Parei no tempo e adormeci...
(Os vermes corroeram sonhos
e geraram mil e um pesadelos).
Tanta emoção vazia
e deserta de amores,
afectos e paixões,
armada de punhais acerados
de ciúmes e mentira,
ferindo no mais íntimo de meu ser.
E se mais guerras houvessem
mais meu corpo senil do tempo
e minha mente eivada de ódios
se degladiariam eternamente
em tempestades insanas d' amor
e na minha indiferença gélida.
Mas o vento norte trouxe-me odores,
fragrâncias das flores silvestres,
dos prados verdes e de alva neve.
Ciciou-me sussurros balsâmicos
de ninfas dos lagos e das florestas,
o sabor a pão de forno fumegante,
a esperança num amanhã de ventura.
E, assim, parto, feliz, na certeza
que cada flor que lá foi plantada,
na estrada tortuosa, é semente
de ti gerada à tua passagem
em louvor do teu bem mais precioso
que me ofertas e que busco incerto,
teu AMOR eterno e risonho!
Parto, inebriado da beleza de ti
e de teu amor incondicional,
Para trás, sem penas, nem dores.
deixo, uivando, estéreis amásias
ornadas de plumas de negra noite
destilando fel e venenos pútridos,
cravejadas de ódios diamantinos!
Eu esqueci as chagas infectas...
Vivo de ti, para ti e contigo,
Meu doce Nordeste, Meu Sol Nascente!
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