Mar de Aquém e de Além
Mar de Aquém e de Além
Ah, Mar revolto distante,
que, no teu, escondes, fiel,
o sal de minhas lágrimas,
e a rugida raiva da minha alma
na tua turbulência nativa!
Despeço-me, já saudoso de ti!
Subo, sofrido, às montanhas
recortadas no éter celeste
de ciosos ventos agrestes
imersas no matizado lenhoso.
Busco, ali, meu amor perdido
na voracidade cruel das guerras
e de mil medos, que a cercam
eivados de espinhos sangrentos
e lhe erguem os braços suplicantes.
Beijarei os lábios de meu amor,
trémulos de frio e de desespero,
ternamente, e meus braços amantes
protegerão seu corpo alvo-rosáceo
despertando-a desta letargia mortal.
Ah, um dia, meu mar longínquo de além,
retornarei em esperança e paz, feliz,
ofertar-te-ei lágrimas saciadas de mim
e a felicidade de meu amor, lírio alvo,
de amoroso ventre dilatado de mais vida.
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