Q
ue seja assim, tão bonito
Quanto a suavidade da folha
Que cai da árvore com o beijo do vento
E antes de pousar no chão definitivo, 
Vive o êxtase, doce momento,
Do seu  primeiro e último voo.


Que haja pássaros cantando lá fora,
E o pedaço de céu visto da janela
Seja azul-rosado, e azul cobalto
Quase assim, nacarado,
Bordado de nuvens esgarçadas e finas
Cortinas rendadas guardando o palco
Para o meu último adeus.


Que seja assim, a alma a voar livre
Pelos sisudos corredores rescendendo a éter,
Por onde caminham, cabisbaixas,
Pessoas amarguradas
Pela sua fé embotada,
Por tudo o que não percebem.


Que eu esteja calma, branda, leve,
Sem nada que me detenha
Ou me faça olhar para trás...
Que seja assim, finalmente,
Um desprender-se de repente
E um seguir livremente
Pelo caminho que se apresente
Por trás dos meus olhos fechados.




Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 03/06/2016
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