Perdoa...

Perdoa a vontade repentina de saborear...

Linhas, letras, luzes, bem que faz querer,

Desanuviar, tentar aos poucos até clarear;

Como se todos os problemas fosse resolver.

Perdoa se poesia faz parte dessa veia, teia,

Que me prende, e quando menos percebo...

Escrevo, como se precisasse beber, é cedo,

E tão tarde, miragens se formam na areia.

É sede que não passa, é paisagem saudosa,

Tela tão bela, esquecida num canto da sala;

Embala suave meus sonhos, espera ansiosa,

Tinta perfeita em desenho dourado espalha.

Mas o olhar marejado, e os lábios sem fala,

Mudos não mudam, e o coração resistente;

Bate compassado, e finge que não se abala,

Mas treme, teme, enquanto tanta dor, sente.