As duas senhoras
Havia uma senhora chamada Ganância,
que não tinha tolerância,
com a senhora Caridade,
por agir com cumplicidade.
Movida pela ambição, uma só pensava em obter,
regada pelo amor, a outra procura compreender,
uma morava no exterior,
a outra no interior.
Dona Ganância amava apenas o cifrão,
por seu semelhante não tinha compaixão.
Já dona Caridade era sinônimo de bondade,
servir ao próximo era sua real felicidade.
No alto da sua arrogância,
já dizia a senhora Ganância:
"De pobre eu quero distância,
quero viver em abundância".
Com seus pés no chão
a senhora Caridade falava com o coração,
não buscava ocasião,
e nem subia aos palcos para adoração.
No final de uma vida tão escura e iludida,
apavorada, fraca, sofrida e deprimida,
pouco antes do suicídio, então ela escreveu:
"Quem me matou foi meu próprio eu"
A Caridade tão lúcida continua na estrada,
em nossos corações deixa pegada,
também escreveu um profundo verso;
"Bom seria se todos vivessem num só universo".
Rogério Rodrigues