SÓ NÃO SEI ONDE...

Num ponto de ônibus,

observando constelações a tanto tempo mortas,

espero a condução que me leve como um camelo, nas costas,

ou num avião supersônico,

a algum lugar entre a imaginação e a realidade,

menos a uma igreja infestada por padres,

ou à casa de bandidos, todos covardes,

nem à mesquitas com bíblicas verdades...

Olho a imensa curva que faz o viaduto,

olho o imenso céu que guarda seres ocultos,

olho para dentro de mim e vejo que sou produto

de uma natureza darwiniana,

sei que estou entre uma filosofia insana

e a verdade que nunca nos chegará à alma,

sei que o que sabemos é só uma versão cigana,

rabiscada, à grosso modo, na mão, na palma...

Deito os olhos ao chão e o molho como faz o rio com a terra,

grito, ninguém ouve, falo, ninguém responde,

mais um dia de perguntas sem respostas se encerra,

procuro algo que sei que existe, só não sei onde...