Um certo poema...
Acorda, e vem dividir comigo, os teus versos
Não se faz de surdo, são gritos esperançosos
Vem calar a noite, insistente vira pelo avesso
Esse coração carente, carece do verbo vosso
Vem calar as horas, que passam rindo de mim
Não vê, que os versos se desfazem, um vazio
Espaço que teus braços sabem preencher, sim
A medida exata das palavras, na linha, um fio
Um bordado abstrato, e um desacato ao amor
Um pássaro sangrando, morrendo de tanta dor
Deserto, e um abençoado oásis, uma única flor
Um certo poema nas mãos de um poeta voador.