ESCOLHA

Sorriem copas das árvores.

Cócegas nas veredas.

Sobre a pedra de mármore,

Ouço o canto das nereidas.

O lago da perdição resplandece

Águas revoltas em vícios.

Recito uma prece,

Estremeço no início.

Oh! Desejo febril que me fustiga,

Assola minha alma

E ordena que a siga.

Procuro calma.

Apoio-me nessa viga.

Se eu te acompanho,

A estrada encurva.

Se eu te abandono,

Bebo água turva.

Deito-me em verde campo,

Cultivado por mãos alheias.

Sentimentos cercam-me em rebanho.

Fazem da relva sua ceia.

Adormeço em suas carícias.

Surge-me o labirinto.

Véus manchados de malícias

Guiam-me ao fim, pressinto.

Acordo atordoado,

A musa partiu.

Permaneço calado.

A paisagem sumiu.

Vivo em sonhos.

Sobrevivo a pesadelos.

O sol parece-me risonho

A lua fenece em desespero.

Conselhos da velha sábia.

Lanceio-os ao mar.

Venenosa lábia,

A verdade a curar.

Esvazio-me de amarguras.

Alço voo ao céu.

Coroado nas alturas.

Liberdade é meu troféu.

Tão leve quanto uma folha.

Firme como rochedo.

Assumi minha escolha

Sem a nódoa do medo.

Texto selecionado e integrante da coletânea de poesias no concurso literário promovido pelo Ideal Clube em 2011

Texto selecionado e integrante da coletânea Odisseias Literárias IV, do TRT7, em 2022.

Ilton Paiva
Enviado por Ilton Paiva em 30/04/2016
Reeditado em 13/11/2022
Código do texto: T5621019
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