CABO DA BOA ESPERANÇA

Cabo da Boa Esperança.

Para esse Cabo, o meu navio avança.

Corta o nevoeiro,

e acabo descobrindo novos viveiros.

Cabo da Boa Esperança.

De cruzá-lo, tinha esse sonho desde criança!

Me defrontei com muitas barreiras,

mas as destruí com as minhas armas guerreiras!

A brisa acaricia o meu navio ferido;

ajuda-me a levantar o mastro caído.

Num canto, vejo o quebrado astrolábio;

gostaria que agora, um frescor corresse

por entre os meus secos lábios!

Minhas velas estão esfarrapadas,

Não tenho como fazer a viagem de volta.

Circunstâncias traiçoeiras desfizeram a minha

poderosa esquadra.

Mas a esperança que o cabo soprou, em mim se enquadra!

Cabo da Esperança.

Não me cobras nenhuma fiança!

Dizes que a minha jornada não foi vã,

então transformas tudo isto, num gigantesco

e confortável divã!

Já me deste a recompensa!

Na água rasa o meu navio balança.

Gutenberg redigirá tudo à sua imprensa,

quando souber que estou livre dos meus inimigos,

e de suas vinganças.

Já que não tenho como voltar,

aqui vou folgar!

As aves-do-paraíso vieram me saudar;

aves-do-paraíso vieram comigo brincar!

Estou pensando em me aposentar

para nunca mais te deixar!

Me aconteceu uma estranha mudança,

quando perdi a minha rigorosa temperança.

- Gabriel Eleodoro

Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2000.

Gabriel Eleodoro
Enviado por Gabriel Eleodoro em 17/04/2016
Código do texto: T5608100
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