CABO DA BOA ESPERANÇA
Cabo da Boa Esperança.
Para esse Cabo, o meu navio avança.
Corta o nevoeiro,
e acabo descobrindo novos viveiros.
Cabo da Boa Esperança.
De cruzá-lo, tinha esse sonho desde criança!
Me defrontei com muitas barreiras,
mas as destruí com as minhas armas guerreiras!
A brisa acaricia o meu navio ferido;
ajuda-me a levantar o mastro caído.
Num canto, vejo o quebrado astrolábio;
gostaria que agora, um frescor corresse
por entre os meus secos lábios!
Minhas velas estão esfarrapadas,
Não tenho como fazer a viagem de volta.
Circunstâncias traiçoeiras desfizeram a minha
poderosa esquadra.
Mas a esperança que o cabo soprou, em mim se enquadra!
Cabo da Esperança.
Não me cobras nenhuma fiança!
Dizes que a minha jornada não foi vã,
então transformas tudo isto, num gigantesco
e confortável divã!
Já me deste a recompensa!
Na água rasa o meu navio balança.
Gutenberg redigirá tudo à sua imprensa,
quando souber que estou livre dos meus inimigos,
e de suas vinganças.
Já que não tenho como voltar,
aqui vou folgar!
As aves-do-paraíso vieram me saudar;
aves-do-paraíso vieram comigo brincar!
Estou pensando em me aposentar
para nunca mais te deixar!
Me aconteceu uma estranha mudança,
quando perdi a minha rigorosa temperança.
- Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 2000.