JOGADA INSANA

Deixei-me levar pela correnteza de um mar revolto
Curvei-me aos apelos jogados como folhas ao vento
Escolhi do baralho uma carta que não ousei identificar
Joguei-a à mesa, decidido, diante de olhares perplexos
Como se fosse um trunfo que me faria 
o jogo ganhar 

Resoluto, como se a dúvida não existisse ao meu redor
Pensei em calmaria, mas defrontei-me com tempestade
Jogada insana, inconsequente, e inesperado desfecho
Estrada estranha, que não prometia fim nem começo
Que não me levaria além do que fiz e indago se mereço

Estranho ter que retirar o que é meu de onde nada deixei
E nada trazer comigo, mas apenas o mesmo vazio que levei
Ainda faminto e sedento do que nutre minha alma insaciável
Que busca seu sustento nas migalhas ao chão lançadas
E assim busco forças para encontrar  novo rumo confiável

Nova intentona voa refeita, nutrida, com ar de satisfeita
Ela sabe que olhares atentos procuram parceiros de jogo
E que não adianta ter muitos trunfos e não saber jogar
Pois a vida nada mais é do que um jogo de sorte e de azar
Não se esquecendo que é preciso saber tanto perder como ganhar...

Té...

Obs. Poesia é imaginação.  É a real ficção. Não atende a critérios de lógica ou razão. Não é uma verdade vivida tampouco uma mentira em vão. (Bandemaguz da Távola)