PRA SEMPRE TE AMAREI
E essa dor que não passa
Nem lavando a alma com cachaça
Não passa porque é passado
E quando futuro for é presente requentado...
E essa dor que não passa
Que em todo canto se acha
Como ciranda a cirandar
Esboroa-se qual bolacha por todos os lados
Estou sem chão sem céu sem alvéolo pulmonar...
E essa dor que não passa
Ela se foi sabe-se lá pra onde
Passear por outro mundo as avessas
As lembranças vêm em nossa cabeça
Toda hora como a música vem pra dança
Rodopiando sem parar como um chacal rondando a presa...
E essa dor que não passa
Ela se foi sabe-se lá pra onde
Mais é lá que todo mundo se esconde
Entram neste bonde e somem-se pra sempre...
E essa dor que não passa
Ao invés de caçadores somos a caça
Quando perdemos alguém
Ganhamos a eternidade de sua ausência
Elas entram por uma dessas esquinas sem endereço
E nós temos que seguir em linha reta sem fazer alarde
Ate encontrarmos essas esquinas da inexistência
Esse é o preço a que chamamos de saudade...
Os anjos tem morada fixa no céu
Mais o mal tem morada fixa na terra
E é de nós que eles cobram o aluguel...
Vago quando divago
Mil folhas perdidas ao vento
Quantas vagas a serem preenchidas sem contentamento
Vou preenchendo devagarinho as fichas de acento
Perdidas de meu pensamento...
A morte é um jardim de outono o ultimo cio
Um gozo virginal acrescido de um sono matinal
A vida um jardim primaveril
Tudo passa como um rio num silencio marginal...
O Tempo é só um empréstimo compulsório
Que o banco da vida nos dá
E quando não o pagamos devidamente
Morremos endividados e nossos corpos
Como um bem maior é repassado
Para outra pessoa logo mais assumir
A ala vaga pelo resto consumado...
Sou prisioneiro dela o destino me condena
E não sei o que faço pra sair desta cela
Matéria...
Todos somos inquilinos do tempo
E quanto mais se espaça este tempo de papel
Mais devemos o aluguel
Até ser tempo de sermos expulsos
Dessa ilusória residência...
Saudade é um domingo
Todo vestido de azul
E quando a noitinha chega
Vem uma chuvinha boa
Que pede ao nosso corpo
Um grosso cobertor
Pra nos aquecer do frio...
Andar de tanto andar andei
De tanto amar o mar amei
Deixando nas areias pegadas
Pra lá pra onde fui não sei...
Mas, quais as areias das dunas do vento se engravidam
Parindo outras sem cessar
Assim com a saudade de ti nos olhos
Mares... Chorei, pra nunca deixar de te amar...