PARADOXO EXISTENCIAL

Às vezes se espera o contrário,

Espera-se a paz na guerra,

Espera-se inteligente sendo otário,

Espera-se morto sobre a terra,

Espera-se liberdade em prisões,

Espera-se felicidade em tristeza,

Caminhar livremente com grilhões,

Sem saber que já se está sem certezas.

Às vezes se espera a ordem no caos,

A tranquilidade num dia de cão,

O perdão das mãos dos maus,

E que caia do céu uma solução.

Às vezes espera-se a vitória,

Mesmo na condição de pássaro sem asas,

Mesmo sendo um homem sem história.

Às vezes se espera o contrário,

Espera-se uma bela ave do ovo da serpente,

Espera-se a doçura no meio do fel,

Espera-se inerte dá sentido à existência,

E sempre com medo da morte, desejando entrar no céu.

Às vezes espera-se o contrário,

Mas a única certeza que se deve ter

É a do amor que se carrega no coração,

Que atenua a latente dor,

E que de forma contraditória,

Mesmo no exílio do destino cruel

Afasta-nos da triste solidão.

Vicente Mércio
Enviado por Vicente Mércio em 27/02/2016
Reeditado em 28/02/2016
Código do texto: T5557005
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