PARADOXO EXISTENCIAL
Às vezes se espera o contrário,
Espera-se a paz na guerra,
Espera-se inteligente sendo otário,
Espera-se morto sobre a terra,
Espera-se liberdade em prisões,
Espera-se felicidade em tristeza,
Caminhar livremente com grilhões,
Sem saber que já se está sem certezas.
Às vezes se espera a ordem no caos,
A tranquilidade num dia de cão,
O perdão das mãos dos maus,
E que caia do céu uma solução.
Às vezes espera-se a vitória,
Mesmo na condição de pássaro sem asas,
Mesmo sendo um homem sem história.
Às vezes se espera o contrário,
Espera-se uma bela ave do ovo da serpente,
Espera-se a doçura no meio do fel,
Espera-se inerte dá sentido à existência,
E sempre com medo da morte, desejando entrar no céu.
Às vezes espera-se o contrário,
Mas a única certeza que se deve ter
É a do amor que se carrega no coração,
Que atenua a latente dor,
E que de forma contraditória,
Mesmo no exílio do destino cruel
Afasta-nos da triste solidão.