Querida noite

Querida noite

Tão escura esta por vir

Se veste nua e faz ruir

Meu coração adolescente

De tantos desejos

De tantas questões

De letras e borrões

Que morre em textos

Pesados em caris manchado

De luas atraentes

De língua entre os dentes

De gosto amargo

Querida noite

Cai sob o meio fio

No capô frio

Na janela e no murete

Cai em poeira

Que sobe dançante

Na luz do poste

Que nem brincadeira

Mas...

Por que não é?

Devo ter fé?

Caminhar em paz?

Há esperança na cadência

Nas batidas lentas

De um coração as pressas

Algures atrás da inocência

Peço a solidão do céu

Que pare de gemer

Só para eu poder

Sofrer como o réu

De coisas que criei

De coisas que perdi

Das vezes que impedi

Me vigiar em sua lei

Querida noite

É tão larga e estreita

É tão quieta e meiga

É viúva e carente

Percebo as ruas

Vejo e escuto a madrugada

Agitada e calada

Infinitas lamúrias.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 17/02/2016
Código do texto: T5546353
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