Doses diárias para a alma

Precisei, e preciso de você nesse instante,

Meu coração é breu, carvão, não diamante;

Regurgitando silêncio, do qual bebo, lento,

Sorvo cada gole, não me embriagar, tento.

Gritei, grito teu nome e você não me ouve,

Ecoa a solidão, e nessa dor o amor se move;

Devolve as palavras mudas, e senhas nulas,

Encabula o ser, que lê e não entende a bula.

Mas precisa desse remédio para sobreviver,

Doses diárias, versos diários, preciso te ver;

Silencia pouco, nesse tempo que nos resta,

Poeta impropérios poéticos, e me sequestra.

Me leva, me testa, meu texto é só para você,

Me embala, me prende, me rende, e acende;

A chama, te chamo, e não importa o porquê,

Caneta, papel e versos, só você me entende...