Recomeço
Busca-me primeiro, despido da palavra doce ou amarga,
Que importa a furtividade, esse insaciável olhar, aplaca;
A tempestividade que desorienta esse instante, flagra...
De um sangue, vertido no peito, depois daquela estaca.
Me cerca, enquanto o cerco nos aproxima, sou tua menina,
Brilhando em tua íris, na mesma cor que resplandece o dia;
Visto-me de pedras preciosas, de água-marinha, sou poesia,
Brinca, alegria de termos o mundo nas mãos, ou me ensina...
Com muito custo a viver solidão, enclausurada, a espera,
Da fábula terna virar uma realidade, saciada de quimeras;
Busco a felicidade, revestida em versos, passado o coma,
Calo a boca em teus lábios, só por um instante, me toma.