"Do grito calado"
Tristeza cristalizada
impostora, impostada,
alegria usurpada de mim,
Que eu não te veja,
Que eu não te queira,
Que eu não deseje o vazio
De abismos sem fim.
Amargas palavras,
De voz sufocada,
do grito calado
da alma silente,
de triste agonia
É qual frente fria
tristes arrebóis.
E não mais é sol
E entristece o dia
Fora e dentro de nós.
Por isso, ó amor,
ó raiar do sol intenso,
ó calor de intensas manhãs,
ó dia de redenção,
de amor expiatório,
ó desejo intenso de viver
vinde abraçar-me,
vinde livrar-me,
vinde sorrir-me.
Põe a luz do universo
numa bôca de criança
clareando onde dói,
Pois dentro deste sorriso
existe um sol que ilumina,
junta os pedaços e reconstrói.