Sobre anjos e meninos
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Mãos postas em prece!
Um grito ao firmamento
um pedido velado tece:
“Dá-me da tua luz e do teu alento”.
Um moment
o...!
Que seria de mim e de nós,
Se não tivesse quem ouvisse a nossa voz?
Que dons teria de meus,
Se não existisse Deu
s?
E o céu,
qual espesso véu,
que leis ditaria a nós,
como fóz
á escorrer de bocas proféticas e papiro
s?
Silencío.
Observo.
Suspiro.
Medito: “ O céu existe...!”
Não o céu de tantos deuses
Mas de um só e Trino,
de anjos alegres ou tristes,
mas que o céu existe, existe,
Com os seus raios, sua chuva,
seus longes inabitáveis,
seu espaço largo de tempestade
s...!

Na terra, confiantes meninos cavalgam ombros .
E não temem alturas; e alcançam os céus.
Em vôos mágicos, sedentos de horizontes, vã
o.

Mas choram os céus e a terra,
E choram os anjos guardadores,
por seus pequeninos
que não voam mais,
os que já se foram,
por mãos em desatino,
de quem se esperava um beijo, um abraço amigo, um colo de pa
i.
-
Ai, meu Deus, quantos “ais”
de nossas lágrimas tão cansada
s...!
Meninas e meninos,
tão sem mancha, tão sem véu:
Bernardo Boldrini,
Isabela Nardoni,
Rhuan Marcos,
cavalgam agora no céu,
verdejante primavera,
em galopes suaves de brincadeiras,
e doces de nuvens de algodã
o.

Fica agora decretado,
nas tábuas das leis do coração:
Que dos jardins da vida não se arranquem flores;
Que sejam semeados grãos,
Que o amor seja o fogo da guerra,
Que em alegria se convertam as dores
E que anjos e meninos povoem a terr
a !










 
José Feliciano de Souza
Enviado por José Feliciano de Souza em 27/12/2015
Reeditado em 09/09/2020
Código do texto: T5492136
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