QUANDO EU FOR EMBORA

quando eu for embora

no rodopiar das folhas secas caídas ao chão,

levadas pelo morno sopro do vento, esvoaçando livres,

outras vidas nascerão

novas flores se abrirão;

Quando eu for embora

no clarão de uma nova aurora,

entre luzes de um novo amanhecer,

levarei a essência da existência,

mas deixarei minha vida, meu ser,

nos entornos e contornos das linhas da alegria,

estampadas, escritas nas páginas das minhas poesias,

e reviverei cada vez que você me ler.

Quando eu for embora

restará uma saudade no coração

de quem um dia me amou,

talvez uma lágrima condoída

deslize solitária numa face contraída,

de alguém que no tempo nunca foi esquecida.

Quando eu for embora

no morno sopro do vento

outras vidas nascerão

novas flores se abrirão;

Quando eu for embora,

minha voz já não ecoará no ar, nem meu grito,

mas os sonhos não se findarão

aqui o rio seguirá seu curso ...

e eu seguirei o meu no infinito.

Andrade Jorge

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Fundação Biblioteca Nacional

22/08/05