Borboleta
Sem as retinas que lhes emprestam o sentido
As flores engalanaram um cantinho do mundo;
Malgrado isso, ficou deveras belo, o colorido,
Mas, a realidade não quis o sonho por marido,
Restou a beleza inútil de um poema vagabundo...
Vistosas pétalas rubras testificaram, do sangue
as folhas coadjuvantes plasmaram a esperança;
mas, o Fado as pisoteou com sua escura gangue,
voltou diverso do que foi, esse meu bumerangue,
voou radiante, volveu maculado na suja lambança...
Não sei, se foram cores, quiçá, terá sido o cheiro,
Mas, dois olhos buscaram, tal, alienado repouso;
O homem só não é meio, é um solitário inteiro,
porém, outra borboleta sobrevoou meu canteiro,
viu nele um lugar aprazível para seu terno pouso...
Dizem que águas passadas não movem, blá blá blá,
Os ciclos da natureza esperam, sapiência da gente;
Disse a “filósofa” Dilma, o vento não dá pra estocá,
Mas, move-se, ora daqui pra lá, outra, de lá pra cá,
Assim, as águas são as mesmas, a chuva é diferente...
Ou, o mesmo amor, carinho apego, mesma ternura,
Que reservei noutros tempos para a negada Julieta;
Virão nessa chuva; a barra do horizonte está escura,
pós ventos de anseios, raios, desejo regará a doçura,
o canteiro viçoso dará boas vindas, à nova borboleta...