Razão de viver

Vivo infestado de verdades

Intoxicado de leis, princípios e crenças

Ando curvo desses pesos que, duvido, se justifiquem

Porém, temo não leva-los à sério

Vivo claudicante pelo ceticismo

Angustiado pelas incertezas

Empanturrado de ignorâncias

Assolado por argumentos persuasivos, mas antagônicos

Vivo alimentado por esperanças

Talvez a maior de todas as ideias escravagistas da mente

O veneno e o antídoto

O perdão e a serpente

Vivo, quem sabe, por isso

Para questionar discretamente o que parece definitivo

Para acreditar piamente

Que, se finito, não vivo

Obs.: (Escrevi este poema ao ler o belo “Se eu ainda cresse” da escritora “Alice Gomes”, aqui do Recanto).