( in ) esperança
Entretanto, o inesperado quer acontecer,
A última que morre pode ter capitulado,
Depois de finda a última razão para crer,
Os fatos contrários que se deixaram ver
Fizeram a dama de verde ir saindo de lado...
Porém, como por em fila, razões do Fado?
Se apenas suas trapaças se pode conhecer;
Depois que guardamos a canga e o arado,
E demos compulsória folga para o gado,
Parece que temos de novo, terra a revolver...
Contudo, por agora ainda estou com nada,
por abstrato que seja, é algo, nada, existe;
desafiando-me disseram, não sou de nada,
e solitude tenta desdizer essa vera charada,
afinal pertencer ao nada é prisão mui triste...
Todavia, toda a via que conduziria para ela,
Por ora obstruída, por falta de uma ponte;
Achei penso, o sapato de cristal da Cinderela,
Mas, voltando ao baile outro dançava com ela,
Dançou descalça pelo anseio de outra fonte...
Mas, deixe que triunfem por ora, línguas más,
Motejando dessa sorte de escolhido rejeitado;
Certo que um coringa pode fazer a pose de ás,
Isso é circunstancial, dura apenas enquanto faz,
Findo o jogo, será tudo, de novo, embaralhado...
No entanto, um pouquinho, sobriedade careço,
Aliás, atire a primeira pedra quem não carece;
Então, o desconto da arte deve pesar no apreço,
Que em nome dela plasmei o devaneio avesso,
Pois, o inesperado danado, quase nunca acontece...