Ancestrais

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Ancestrais

Estamos em fusos diferentes,

confusos.

Somos mestiços, descendentes.

Avô holandês;

avó índia,

sou cafuzo, de hábitos indígenas.

Por isso o descaramento,

a cara lavada,

diante de tantos foras!

Estou em parafuso,

rodopiando,

ouvindo o canto das cotovias.

Tenho a sede dos rios bravios.

Deitado na rede de renda,

perscrutando o voo dos pássaros,

navego na mansidão ribeirinha...

Sou teu,

desejaria ser minha?

Observo o bailar das andorinhas...

Elas trazem presságios

da tempestade corporal

que tua nudez indígena,

ancestral, provoca.

Nenhuma máscara;

o batom cingiu-se da mata nativa,

rubro esplendor.

Deusa brasilis,

de pele europeia...

Tua tez clarividente,

nudez angelical,

permitiu que a flecha,

jogada ao rio,

refratada,

entrasse almejando atingir o peixe,

saindo reluzente ao encantar a sereia,

atingindo-lhe o coração

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 12 de maio de 2015.

13h12min

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Continho

Contei a história de Aline.

Beatriz chorou.

Contei a história de Cristina.

Beatriz sorriu.

Contei a história de Beatriz.

Aline sorriu.

Cristina chorou.

Não conto mais histórias.

Nijair Araújo Pinto

Crato-CE, 12 de maio de 2015.

14h06min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 20/10/2015
Reeditado em 21/10/2015
Código do texto: T5420629
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