O que nos resta amor? - Um duo
O que nos resta amor?
Tudo já foi dito e feito
Experimentado e vivido...
Mas resta falar do que foi sentido
Ou até do que foi malfeito
Fizemos uso de tudo, inclusive...
Do tempo de solidão, de silêncio.
Reconheço que aproveitamos bem
Mas sentimentos não cabem num compêndio
Tempo em que meu olhar só assimilava o teu
E o teu olhar perdia-se no meu como as gaivotas
Que se acasalam para vida inteira.
No calor humano da poesia resoluta
Onde as palavras trocadas eram magias de açúcar
E em cada encontro estrangulávamos a infelicidade.
Com o toque sutil e amoroso que encanta
Preenche os espaços vazios da indiferença
Agora mergulhamos inteiros na procura,
E só encontramos lembranças de um tempo intimidade
Que nos enlaçava em abraços e beijos demorados
Onde o amor era cúmplice viril e escandaloso
Onde nos preenchíamos extasiados de mistérios,
Segredos, entusiasmos e inocências de amor.
Tudo se locupletava em atos e fatos inenarráveis
Com a ternura e textura do olhar generoso
O que nos resta amor?
Para eternizarmos tanto louvor
Se em poesia já dissemos e fizemos
Decerto foram as paisagens distanciadas entre nós,
Sem justificáveis objetivos ou ramificações no futuro...
Tudo se deu e tudo entre nós aconteceu
Perdemo-nos completamente no passado,
Esse tempo estratégico, que não funciona mais.
A não ser para registrar aqui e agora
Todo calor e intensidade de nós dois.
Lufague & Hilde