Vontades estanques
O querer me nega a realidade
Me faz pretensioso
Sem medidas
O desejo me cega
Olhos e coerência
Faz-me viver sempre em penitência
Essa febre oculta me adoece
Castiga-me por estar presa em mim
Como miragem concreta de minha incerteza
Uma perspectiva insana e distorcida
Marginal, dolorida...
Uma mobilização vazia e comprimida
Quem sabe não serão acúmulos de frustrações
Ou delírios difusos de minhas pretensões
Sonhos represados, esperas cansadas
A revoltar os mares do coração
Poderiam ser a ausência de uma maior consciência
Ou a onipresença velada de uma vida passada
O estigma destinado por chacras marcado
De um destino traçado e não revelado?
Mas o afã é um fato, um facho de emoções
Cuja claridade não clareia, apenas delineia
Um anúncio distante que só se vê o reflexo
Um sentir forte, mas sem nexo...