CHAMAM – ME SAUDADE
Sou eu quem vela incessante o seu sono
E traz na solidão esta fiel coragem
No verso triste mostro a fantasia,
Mãos estendidas recheada de bondade.
Efervescência deste olhar enamorado,
Dos beijos quentes do antigo companheiro,
Numa canção de sublimada alegria,
Eu sou o sonho em singela harmonia.
Da bela musa fiz – me eterna conselheira,
Trago na veste os seus sonhos de menina,
E no semblante alegre o lindo ar brejeiro,
Rodopiando me transformo em dançarina.
Sou quem borda seu céu no fim da tarde,
Quem o protege de toda adversidade,
E presenteio com sonho feito em arte,
Com olhos meigos faço minha a sua parte.
Sou eu quem faz do verso o poema
Do cantar da passarada a sinfonia,
Presente vindo da paixão amena,
Fonte fecunda em eterna agonia.
Sou o inexplicável afeto dos que choram
Presença forte a traduzir - se em afeição
Antigo vértice dos braços que se amaram,
Campo minado de sincera emoção.
Fui eu quem fez do amor esta aliança,
Berço sublime de extremada esperança,
Amor intenso a fluir com tal pujança
Num amanhã plasmado na lembrança.
Eu sou a meta do viver não a miragem,
Do braço forte sou freqüente liberdade,
Palmilhada em mensuráveis pesadelos
Externo no olhar perdido esta verdade.
Quero envolvê – lo em gentis reminiscências,
Em breves devaneios e em sutis vivências,
Trazer de volta o seu tempo por inteiro,
Chamam – me: SAUDADE e nunca desespero.
CRS 24.06.07