PÉ QUEBRADO
Faço poesia de tudo,
em tudo vejo beleza,
estou fazendo estes versos
com a perna sobre a mesa.
Distraída pela rua,
procurando um endereço
não ví e pisei em falso,
agora aguenta esse gesso!
De molho por trinta dias,
só fazendo poesias,
quanta folga! quem diria...
Tanta coisa por fazer,
e eu aqui, sem me mexer,
ai meu Deus, que agonia!
Se fosse, quem sabe um braço,
de preferência o esquerdo,
não sentiria o cansaço
de ter que me equilibrar
em dois pares de muletas
que consegui emprestar...
Perder a mobilidade
é coisa que ninguém sabe,
somente quem já passou...
Fico pensando o que sente,
alguém que é deficiente
e como eu já andou,
de repente, um acidente,
muda tudo e ele sente,
pouco ou nada lhe restou.
Mas não se perde a esperança
de um dia recomeçar,
os movimentos lentamente,
vão retornando ao lugar,
e um dia quando acordamos
ja estamos podendo andar...