Colheita
Novo amanhecer
No céu rosicler
Perfume e frescor...
A folhagem mádida
Brilhante lágrima
Numa branca flor...
A flor que se engelha
E é da abelha
O suave labor
É também o trago
Mal pago e amargo
Do trabalhador...
O branco se perde
Da folhagem verde
De amargo sabor...
Dá lugar ao fruto
Que enriquece e muito
O rico produtor...
Preto e vermelho
Verde e amarelo
No imenso verdor...
Incansáveis mãos
Vão colhendo grãos
De vistosa cor...
E quando a colheita
Está completa
O trabalhador
Espera também
Que o ano que vem
Seja bem melhor...
Fica o verde-folha
Que a noite molha:
Amargo suor...
Ó Deus, quando há de
Haver igualdade
Um mundo melhor?...
In "Cintilações" , CBJE, 2014.