granizo

Uma hora, o amor cansa de descansar, vem,

retomar o seu labor meio que, encabulado;

tanto trabalho que para a esperança tem,

ele ainda impávido, como mirando o além,

se, aqui e agora, deveria pôr a mão ao arado...

o sol de setembro aos crisântemos provoca,

eles não fogem da luta aceitam e saem à luz;

findo o inverno o urso polar deixa a sua toca,

algo acontece no encontro de calor e pipoca,

acontecerá quando ao desejo, amor fizer jus...

sei que a onze-horas não desabrocha às nove,

mas, a planta é mecânica, de arbítrio carente;

vontade é um ponteiro que ao tempo move,

decide quando o sol fulge ou, mesmo, se chove,

sua pressão atmosférica verte do sangue quente...

céus assim ansiamos, mas, não se pode prever,

às vezes vem é granizo duro, machucando a uva;

mas, no fundo, granizo é água, basta se derreter,

venha, meu amor, derretida, fazendo chover,

depois, deite em meu ombro ouvido à chuva...