BORBOLETAS AZUIS
Por: Tânia de Oliveira
 
O pesadelo da noite rondando o espaço escuro da mente
Aquele vento frio de novembro parecendo  Dia de Finado
Era a lembrança dos mortos, dos afetos que já se foram
Era a possibilidade de perda, de também ir os que ficaram
Era um monte de terríveis medos que lhe rondava a paz
Medo de perder a ereção, gostar de homem, ser infeliz
Medo de não agradar, de não ser amado, de ser traído
Medo de ser abandonado, ficar cego, desempregado
Medo de ficar pobre,  perder um braço, ser esquecido
Medo de ficar burro, esquisito, brocha,  frio e sem força
De ser desrespeitado, ficar louco , ai, cego,  sem destino
Acordou de repente, lavou o rosto, olhou rápido na janela
Viu  borboletas azuis, veio a inspiração, veio o ar de poeta
Pode com um rápido olhar ver a luz, que saía pela fresta
E as borboletas bailavam em bando na porta entreaberta
E o mesmo vento frio, era de setembro e era primavera
Lembrou os prazeres da vida, o seio nu da mulher desejada
Lembrou-se dos doces beijos, da rigidez, da ternura do sexo
Lembrou-se da benção de ser pai, de ver criança, de dar afeto
Das loucas sensações da arte, fruta madura, nuance claro
Dos tons escuros, do colorido,  do preto e branco e do bizarro
Da música, the blues, da melodia sensual em dia de chuva
Sorriu para o dia, sacudiu a sensação de cansaço, a morbidez
Tomou um banho frio e teve esperança para a vida, outra vez
 
 
 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 31/08/2015
Reeditado em 31/08/2015
Código do texto: T5365324
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