O RALO DO MUNDO
A poeira é o pó compacto
Com que a mãe terra se maquia...
Suas unhas bem cuidadas e delicadamente bem pintadas
São suas luminescentes flores com odores de maresia
Seus espelhos são lagoas cujo olhar reflete uma linda lua cheia...
Ao pisar sutil e inerte com seus pés o solo da terra que chilreia
São ondas que se perdem e murmuram sem pedir licença
Apagando os passos humanos nas areias balbuciantes da praia
Para que não percebam sua presença e vigilante atalaia...
Suas pupilas são revoadas de cisnes atingindo a amazônia-Himalaia
E sua boca são cataratas de vida ecoando no ecossistema
A terra se enfeita ornada de orvalho e verde penugem...
Seus ossos fortes são troncos maciços de árvores milenares e virgens
Suas margens e veias fluídos de sua vertigem caboclo-imaginária
Índios são suas tatuagens naturais de sua pele mortuária
Raízes são suas bíblias de caules e genes
Estão roubando suas maquiagens de recursos naturais
E são predadores homens, não seus sagrados animais...
São homens animais e termitas usurpadores florestais
Vão comer granas pelos cipós-trepadeiras da ganancia
Vão comerem-se uns aos outros quais canibais perdigueiros
E vão morrer de fome...seus nomes são pés de DINHEIRO
A terra se enfeita de alva penugem feita de ramos
Passa a nuvem com pena dela e somem-se travesseiros enfadonhos
Ela ainda vaidosa se enfeita de mel para que a alma adocemos
Para que também felizes voemos
Por sua ramagem de ramalhetes e sonhos...
Para que do fundo de nossas almas e úberes
Possamos acordar deste pântano insalubre
Da qual ela se encontra e salva-la e muito a fundo
E tentar sanear os que ainda sobrevivem no seu ralo imundo...