voo solo

Cada amargo lapso forçado, de ti

Atrelado a uma figura me surge;

fico completo como pernas do saci,

intenso como quando o tempo urge...

cada ofendículo anexado à cerca,

assim, como cacos de vidro sobre o muro;

são tentação para que a esperança perca,

na meta presente de assassinar o futuro...

cada não, que cospe na cara do sim,

me faz ver gato mijando em cachorro;

e essas afrontas caindo sobre mim,

sendo só minhas, vedam clamar socorro...

pensando bem, cada dia seu peso, cada,

às vezes, doentes fazem poses de sãos;

essa restrição de não poder fazer nada,

ao menos impede, de pôr os pés pelas mãos...

resta a bela vista da poesia nesse voo solo,

adubando com angústias, mui ricos vergéis;

até vir o tempo de repousar em teu colo,

unindo, enfim, protagonistas aos papéis...