Abordagem
As mãos do diabo com linha escura,
Pegam por agulhas o quê, não disponho;
Hábeis tentam sair bordando amargura,
No avesso do aveludado tecido do sonho...
Seus pontos sem nó urdem o descrédito,
molda a coisa para que resulte uma venda;
tacha meu anelo de impossível, pois, inédito,
visa apagar meu facho pra que o seu acenda...
nesses trapos rotos bate seu próprio recorde
engana incautos, sabe bem os fracos do povo;
mas, eu tô andando caso o dito pinte e borde,
ele labora em pano roto, Deus urde pano novo...
Que divirta-se o canhoto com seu duro açoite,
Sou esquilo prudente, armazeno minha avelã;
Tá escuro, sei, mas, não significa, essa noite,
Que está cancelado de vez, o sol de amanhã..