O pedido
Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, 4 de junho de 2015
A madrugada já se vai,
O sol se alteia, deitando raios
Sobre o telhado que cai,
Das casas em desmaios.
O sino da igreja repica,
Aos poucos a cidade acorda.
É feriado, dia de missa,
Dia santo, o amor transborda.
Maria e José, de branco,
Roupa lavada, impecável.
Nada impede o avanço,
Rezando baixinho, fé inexorável.
Pedem pelo filho, acamado a sofrer
Doença maligna, sem recurso,
Só um milagre, a mão de Deus.
Eles oram, esperam receber.
A crença salva tudo, confiam Nele.
A mulher canta, Aleluia!
Em caminhada avançam eles,
Arrastando cruz de imbuia.
O Corpo de Cristo na rua,
Em procissão majestosa.
Sofre o corpo, sofre a mente
Dos pais pelo filho doente.
As esperanças são diminutas,
Agarrados na fé acreditam.
Com fervor e mãos postas,
Dias melhores, imploram.
Em casa sem companhia,
Para o filho chegou a hora,
Nada mais a fazer, só agonia.
A criança não vigora.