A aldeã fugidia
Abrasado em noites insone
por um raio fúlgido, insolente,
feneci. “Inconcluso”, o poema,
busquei sintonia nas palavras,
tracei mechas sobre meia face,
perdi-me em teses amorosas,
me expus em sentimentos
abstratos, entreguei-me à
debilidade física, e em colapso,
versado, dei vida a um retrato
por uma tecelã desconhecida.
E dela tenho me acostumado
a uma reprimenda síndrome,
pois seu nome, eis fantasiada
“estrela distante”, que pelo véu
mortífero caí em desmedida...
onde nesse caso o indivíduo,
fatigado, tornar-se-á sua vítima,
incapaz de alcançá-la, frágil,
me vejo num ato ensandecido,
e ela, desdenhando, tinhosa,
vez em quando, some, volta,
sem descortinar se vai ou fica,
paira no ar com a leveza sutil
e fugaz dos pássaros, “a aldeã
fugidia”, volta a ganhar os céus,
imprime metáforas no ar, em sua
tênue partida, sem deixar sinal
se voltará, e eu suicida.