O CONDOR

Enfim estendo minhas asas

Sobre minha pele em chagas.

Ruflo minhas asas com vigor,

Contemplando os andaimes de pedra

Que despontam caiados, plantados

Em preto e branco e cinza sobre o asfalto,

Sobre a carcaça da terra morta.

Preciso retomar minha jornada...

Minha lida infrutífera de humanidade

No couro cru e mórbido do sertão.

Hei de fazer meu ABC de lamentos

E chamar a atenção do mundo,

Para que ele derrame seus olhos

Sobre a pequenez de minhas posses

Que, grão em grão, gota a gota,

Abastece seus lares ostensivos

E menos agônicos e menos áridos.

Paulo Pazz​

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 30/07/2015
Código do texto: T5329510
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