O estranho hábito

Tenho o estranho hábito

de colher flores belas

nos pântanos ocasionais.

E assim, debruçar-me sobre penhascos

Onde minhas mãos as podem alcançar.

Tenho o estranho hábito

De folgar

por estranhos lugares

áridos

secos

e duros

Onde espetam a alma

Os espinhos da descrença,

E ainda assim, trespassar o instante

numa visão de oásis

Junto à esperança.

Tenho o estranho hábito

de enfeitar com letras

a terra analfabeta

para colher buquês de frases com sentido.

e levar o perfume das poesias

que suavizam as mãos ásperas

dos que não conseguem folhear livros

mas permitem-se viajar através da sabedoria

que mesmo longe, eles tentam alcançar

Um dia.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 15/07/2015
Reeditado em 15/07/2015
Código do texto: T5312234
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