O estranho hábito
Tenho o estranho hábito
de colher flores belas
nos pântanos ocasionais.
E assim, debruçar-me sobre penhascos
Onde minhas mãos as podem alcançar.
Tenho o estranho hábito
De folgar
por estranhos lugares
áridos
secos
e duros
Onde espetam a alma
Os espinhos da descrença,
E ainda assim, trespassar o instante
numa visão de oásis
Junto à esperança.
Tenho o estranho hábito
de enfeitar com letras
a terra analfabeta
para colher buquês de frases com sentido.
e levar o perfume das poesias
que suavizam as mãos ásperas
dos que não conseguem folhear livros
mas permitem-se viajar através da sabedoria
que mesmo longe, eles tentam alcançar
Um dia.