A Fresta
A fresta
Fechada em sua solidão,
A mulher evadiu-se em sonhos.
Rompeu seus círculos.
E no afã impetuoso,
Vislumbrou por entre uma fresta,
Um raio de luz.
Indomada,
Expôs-se para a vida.
Amou,
Uma única vez.
Uma semente deixada em seu ventre,
Cresceu.
Aumentou a fresta,
Abriu uma janela,
Aumentou a luz.
Uma luz intensa,
Maior que um raio.
Um clarão,
Também indomado.
A força foi tanta,
Que fresta e janela se fundiram,
Numa porta.
Numa porta para o mundo.
Uma outra fresta,
Uma outra mulher,
Para num mundo novo,
Cheia de sonhos e solidão,
Romper seus círculos,
Enxergar a luz,
Por entre a fresta,
E amar,
Mais uma vez.
Rui Azevedo