RAÍZES DA DESIGUALDADE

O pão que me sacia a fome

Não tem o gosto do prazer,

Mas a carência vivida pelos anos

Da longa espera de um novo amanhecer.

Tem o cheiro do desnível incandescente,

Do que sufoca e faz do outro um sofredor,

Da mesma vida dada pelo Cristo,

Mas que os homens lhe retiram o valor.

É o prenúncio da indiferença

Dos dias sem condições de alimentar

Do céu escuro sem o brilho da bondade,

Da maldade que se espalha pelo ar.

Porque o pão que me sacia a fome

Não prenuncia lindos sonhos,

É realidade crudelíssima que me dói,

No disperso gueto dos tristonhos.

O pão que busco traduz – se na bondade,

No quotidiano dos que vem e dos que vão,

Trazendo nas mãos a liberdade

E a tolerância dos que são irmãos.

O pão que busco traz recheio da igualdade,

No espaço imenso que nos deu Jesus,

De podermos nos tocar com amizade,

Como o Bom Pai a todos tocam com a luz.

CRS 17.06.07