Retrospectiva
Nos braços da anciã sanguinária tristeza
duvidei da validade da vida,
senti o frio de sua essência de morte
e me perdi em sua sombria visão
Sempre fui de sentir dores
de entregar o meu corpo a tristezas
mais profundas
que um homem pode alcançar
Eu já me afoguei em amores perdidos
em revoluções caladas
já me lancei em tormentos tenebrosos
e andei por terrenos devastados
Meus calçados contam histórias
nos desgastes e na areia impregnada
As buscas por tortas visões
a prisão do olhar futuro idealizado...
... sempre frustrado
vivendo em um presente inacabado
remoendo um passado
de um sofrimento mascarado
Nas salas escuras tão solitárias me ocultei
fui ideias que não eram minhas
prisioneiro em meu universo
não vivi... não andei
comendo lentamente os desgastados dias
que não ousei
Porém, hoje eu quero abandonar as velhas prisões
deixar de olhar somente para baixo
contemplar no alto as nuvens do céu
quero correr em terrenos distantes
buscar sentimentos instigantes
Vou me lançar em seu sopro calmo
recolher-me em seu amparo caudaloso
viver sentindo seu cheiro em meus braços
Estando sempre ao teu lado
nos prazeres e no cansaço
Vou viver nas palavras
escritas,
cantadas e
recitadas
Vou me lançar nos versos
ritmados,
rimados e
pensados
Vou me esconder nas estrofes
nas pequenas linhas
viver em cada letra
e refletir em suas emoções
gritarei
a rainha dos mares...
a mãe natureza...
a virgem das virgens
Eu quero viver e extinguir o sofrer