Poros nus
Vou entregar pra mim o amor.
Ser beija-flor e aprender assobiar.
Ser a chuva levando tempestade
para cada canto meu.
Apreciar toda vista, que os meus olhos se
apegaram, até que a roupagem se apaixone.
Cair a folha, e junto dela secar.
Não importa se há flores ou rosas,
espinhos ou pétalas esparramadas.
Sou o que eu quiser, o dia a noite sozinha.
As estações crescem comigo.
Meu espírito cansou-se do velho,
da secura da boca.
Vou abandonar tudo o que entristece,
não reage, pinica, arrepia.
Ser leve enfim, como nascente.
Como cachoeiras que correm
escolhendo lagos, encurtando
caminhos pelo deserto.
Suando úmida.
Vertendo pelos poros nus
Luciana Bianchini