HAVERÁ
Haverá um dia
Em que todas as gaiolas
Estarão vazias,
E todas as asas
Estarão no céu,
Ou pousadas, sem sustos,
Nos beirais das casas,
Ou dentro das matas,
Pairando felizes
Pairando felizes
Sobre arranha-céus.
Os cantos sairão livres,
Pelos bicos abertos,
Sendo apreciados
Por almas sensíveis
Que não desejarão mais
Aprisioná-los,
Apedrejá-los,
Ou falsificar
As cores das penas.
Haverá um dia
Sem asas cortadas,
Sem vidas travadas,
Sem cantos contidos
Trinados sentidos
Somente escutados
Pelo egoísmo
De um par de ouvidos.