Dias
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Dias
Hoje, tenho lágrimas quentes;
torrentes resquícios do que vivi.
Hoje eu choro, clamo e esperneio...
Por um ontem que, absurdamente, perdi.
As pedras desceram do cume;
os rios contornaram obstáculos.
As sementes aliviaram minhas dores;
e o cacique me benzeu, tudo hoje.
Hoje, eu decidi não mais chorar.
Hoje, percebi o valor das pulsações...
Foi somente agora
que os alucinógenos perderam o efeito...
E até aqui consegui chegar.
Hoje, derramo lágrimas.
Hoje, sonho.
Hoje, luto e labuto, ardentemente.
Hoje, carrego os fardos...
Do hoje, tudo hoje.
Ontem eu já chorei e senti e vivi.
Retrataria cada segundo do ontem.
Cada erro, percepção, angústia, esperança...
De que adiantaria o ontem,
todas as suas incertezas...
Se o redemoinho da vida
e suas engrenagens
funcionam apenas no agora?
Ah, o futuro...
Sinto pena do passado!
Sabe de uma coisa.
Estou suando, fedorento,
endividado, cheio de medos...
Mas a dureza do hoje só existe
porque ainda existo!
Dia difícil.
Mais um.
Menos um.
Hoje.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu-CE, 11 de junho de 2015.
0h9min
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